EJA: Compromisso e Cidadania - Ronaldo Sávio Paes Alves

17/06/2011 16:09

Ao longo do século XX a modalidade EJA veio se institucionalizando, conhecendo pontos de maior atuação popular, como com Paulo Freire, por exemplo. Viveu também rigoroso momento de controle ideológico, como com o MOBRAL no período da ditadura militar.

Hoje a EJA sustenta-se sobre alguns pilares, como o Programa Brasil Alfabetizado; o ensino fundamental na rede municipal, incluindo as séries iniciais; e os ensinos fundamental e médio em algumas escolas da rede estadual.

O Programa Brasil Alfabetizado funciona em locais formais e não formais de educação. Ilustra este fato em Teresópolis o trabalho da alfabetizadora Hermites Muradas, que mantém um grupo na Igreja Batista de Agriões, e outro na Escola Municipal Nadir Castanheira, na localidade de Três Córregos. Com carga horária própria, após oito meses de curso e estando alfabetizado, o aluno é então encaminhado para as escolas da rede municipal, para dar sequência aos estudos.

No entanto, apesar da importância e do esforço dos educadores, a EJA ainda carece de ideais condições de funcionamento. As considerações a seguir são fruto de discussões realizadas no curso de Pedagogia da UNIFESO, em particular na disciplina “Educação de Jovens e Adultos” e no “Grupo de Estudos Independentes – EJA”.

Como se prepara um professor de EJA? Esta é uma das recorrentes questões levantadas nas atividades de EJA do UNIFESO. Entendemos que os cursos de formação de professores do Ensino Médio abordam a questão. No entanto, nos mais diversos cursos de licenciatura espalhados pelo Brasil, as disciplinas da área pedagógica não preparam os futuros professores para a realidade da EJA. Depois de formados, e uma vez aprovados em concursos públicos, têm a possibilidade de atuar nesta modalidade. E como lidar com isso? Aprende-se na prática, normalmente errando muito, para quem sabe um dia acertar.

Além disso, raros são os materiais didáticos específicos para esta modalidade. Entendemos que um dos maiores riscos para o sucesso da EJA é a infantilização do aluno. Quando o material não é adequado, intimamente o aluno é levado a crer que está “irremediavelmente” atrasado. Neste momento o constrangimento fala mais alto e a possibilidade de evasão torna-se muito grande.

Outra preocupação é a inadequação do espaço. Como normalmente os cursos são noturnos, e têm em suas maioria pessoas idosas, aspectos como iluminação, localização, disposição do espaço físico, entre outros, são fundamentais para o bom desempenho do trabalho.

Estas e outras questões, no entanto, não tiram o brilho da garra dos educadores verdadeiramente comprometidos com a modalidade, nem tampouco, o brilho nos olhos cansados dos alunos, quando percebem a sua própria evolução. Evolução como cidadãos, que só a educação pode proporcionar.
Estes e outros assuntos serão discutidos no II FÓRUM EJA do curso de Pedagogia do UNIFESO, que se realizará no dia 20/10 às 19h no Campus Quinta do Paraíso, que será aberto ao público.

(Colaboraram: Marcela Miranda, Cristiane Mendes, Clenilda Santos e Vanessa Viana)

 

* Ronaldo Sávio Paes Alves é professor do curso de Pedagogia do UNIFESO