Ação voluntária - Carla Cunto
A palavra “voluntário” já não faz tanto eco como nos meses de janeiro e fevereiro, no entanto seu significado está mais vivo do que nunca, tanto para aqueles que dedicam parte do seu tempo e serviço, quanto para os que ainda recebem e necessitam de apoio direto.
Para os que ainda pretendem tornar-se voluntários, esta pode ser a oportunidade, filie-se a uma instituição que desenvolve trabalho voluntário e siga algumas orientações e sugestões que muitas vezes passam despercebidas no afã de ajudar o próximo:
- Em primeiro lugar procure saber as necessidades do local ou da pessoa, ouvindo mais do que falando.
- Analise suas competências e ofereça ajuda no que realmente pode fazer diferença ainda que seja algo simples. O importante é você unir aquilo que desenvolve bem com a necessidade momentânea.
- E por último, seja silencioso e invisível. Por vezes os que são assistidos podem se sentir constrangidos nesta condição. Podemos alterar um pouco o velho ditado “Fazer o bem sem olhar a quem”, que tal “Fazer o bem sem mostrar quem”? Assim, evite tirar fotos, perguntar sobre a situação que estão vivendo e não ser invasivo. Na dúvida uma boa dose de bom senso resolve.
Estas e outras sugestões são resultado do trabalho que o curso de Pedagogia do UNIFESO desde fevereiro vem desenvolvendo no Abrigo Acolher. Fundação administrada pela igreja Batista da Barra do Imbui, uma das principais instituições que ainda oferecem atendimento direto e integral aos atingidos pela catástrofe de 12 de janeiro. Neste espaço cerca de 25 famílias com 25 crianças em média são abrigadas nas tendas Shelterbox.
O trabalho no Abrigo Acolher iniciou-se a partir da mobilização de docentes e alunos do UNIFESO nos primeiros dias da catástrofe. O curso de Pedagogia organizou-se promovendo atividades lúdicas em diversos abrigos. Com o passar do tempo o atendimento aos abrigados centralizou-se em poucas instituições permitindo que o trabalho voluntário mantivesse um foco mais específico.
Nesse momento, o UNIFESO percebeu a necessidade de uma formalização mais ampla do voluntariado, que se transformou em uma segunda fase do trabalho. A frente desta proposta, estão a coordenação do curso de Pedagogia, a professora doutora Maria Terezinha Espinosa, as professoras mestres supervisoras de estágio Carla Cunto e Gicele Faissal e os alunos do curso de Pedagogia.
As crianças do abrigo recebem atividades lúdicas e de acompanhamento escolar diário. Para tanto as alunas estagiárias do curso receberam apoio psicopedagógico para atendimento adequado.
Durante o trabalho no Abrigo Acolher, percebemos que a manutenção de uma acão voluntária individual tende a declinar após os principais eventos de mobilização social, sendo aquelas que estão vinculadas a instituições permanecem por mais tempo e são mais contínuas.
Assim, prepare-se emocionalmente e ofereça o que você tem de melhor. Com certeza, doando seu tempo, aprenderá mais acerca de si próprio e do mundo em que vive.
Carla Cunto é professora do curso de Pedagogia do UNIFESO.