A CRISE NA EDUCAÇÃO: POR QUE SER PROFESSOR? - Ana Laura Azevedo

04/08/2011 10:18

As notícias que chegam sobre Educação são as mais desanimadoras possíveis: o Brasil tem ficado em um dos últimos lugares nas avaliações nacionais e internacionais sobre Educação. Como exemplo podemos citar o PISA - (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que buscou medir o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos de idade (cerca de 470 mil jovens participaram em 2009). O Brasil ocupou a 53º posição, nessa quarta edição que contou com 65 países. Em 2006, quando 57 países foram avaliados, os brasileiros ocuparam a 54ª posição. Ou seja, persistimos com o mau desempenho.

Os resultados do último Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB - exame do MEC que avalia a qualidade de ensino) também atestam a ineficácia do sistema brasileiro, ao apontar que 59% das crianças que concluem a quarta série não sabem ler e compreender em níveis adequados e 52% ainda não sabem fazer as operações matemáticas simples.

Perguntamos-nos então: o que falta para melhorar a educação em nosso país? Ensino de qualidade? Professores com formação adequada? Alunos mais disciplinados? Recursos financeiros? Administração pública competente? Bem, meu caro leitor... essa é uma questão complexa que envolve mais de uma alternativa!

A história da educação de nosso país revela que o ensino sempre foi privilégio de poucos, sendo concedido paulatinamente a uma minoria de classes economicamente favorecidas, e estendido a população por mecanismos de uma acirrada luta entre empregadores e empregados, que necessitavam de mão-de-obra qualificada. Com o tempo, esse cenário se modificou e hoje temos a quase totalidade de crianças em idade escolar (6anos) frequentando as instituições de ensino (97,5%). Há uma bandeira em prol da educação que engrossa o coro de um bem público inalienável, contudo, resta-nos rever o motivo dessa crise tão avassaladora que acomete o país, em que faltam cerca de 250 mil professores de Licenciatura.

Podemos inferir que o problema da Educação vai além dos muros da escola, enlaça a sociedade com suas dificuldades sociais, políticas, econômicas etc.. e se insere em um contexto maior... o sistema capitalista. Pesquisas mostram que a qualidade de ensino vai muito além de se ter uma sala de aula com 35, 40 alunos em classe (média de alunos das escolas públicas) e de se ter um professor à frente da lousa.

Para educar é imprescindível que se tenha professores com formação de qualidade, boa infraestrutura escolar, recursos financeiros suficientes, número reduzido de alunos em classe, envolvimento do aluno, capacidade cognitiva, emocional e psicológica desenvolvidas, valorização docente, formação continuada etc... - cuidados essenciais para uma educação de qualidade.

Assim, ser um profissional da Educação é ter o poder de ter nas mãos a chave para modificar uma sociedade que historicamente vem sendo marcada pela desigualdade, pelos problemas sociais, pelo descaso com a população. Transformar esse cenário em trajetória de luta por uma sociedade mais humana, mais fraterna, em que os homens possam se olhar nos olhos e estender as mãos, para que caminhem na mesma direção... esse é um desafio para poucos que conseguem se formar na arte de se tornar grandiosos EDUCADORES...

“É bem melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfo e glória, mesmo expondo-se à derrota, a formar fila com os pobres de espírito, que nem gozam muito e nem sofre muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece nem vitória nem derrota”. Theodore Roosevelt.

 

*Ana Laura Azevedo é professora do curso de Pedagogia do UNIFESO.