O conhecimento científico e a forma como os alunos aprendem - Claudia da Motta Custódio

17/06/2011 16:12

Muitos estudos têm sido realizados sobre a forma como os alunos aprendem. Tais estudos apontam o modo como a escola ajuda a construir o conhecimento individual, a partir das concepções que os alunos trazem sobre determinado conhecimento científico.

Dentre esses estudos, há alternativas que passam por um trabalho que resgata a história da Ciência, partindo da premissa de que os homens ao longo da sua própria história, depararam-se muitas vezes com verdadeiros obstáculos a novos conhecimentos pela dificuldade de superação de paradigmas propostos pela Ciência da época.

Galileu - físico, matemático e astrônomo dos séculos XVI e XVII, inventou a primeira luneta astronômica, e com suas fantásticas observações sobre o Cosmos, passou a defender a teoria heliocêntrica - o Sol como o centro do Universo, contrapondo-se ao geocentrismo de Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C. Tal concepção, que perdurou por muitos anos dentro da Ciência sob forte investigação, mais tarde foi amplamente comprovada e aceita, destruindo a ideia de um sistema centrado, único e estável, como se pensava anteriormente.

Da mesma forma que na história da Ciência, as concepções individuais ressoam dentro do ensino de Ciências como paradigmas que podem e muitas vezes devem ser superados, pois do contrário, tornam-se verdadeiros obstáculos à aprendizagem. Muito do que os alunos trazem como concepções alternativas - explicações individuais a respeito de um fato ou fenômeno, pode ser considerado como o primeiro passo para o ensino de um conhecimento cientificamente comprovado. Logo, um dos primeiros passos para o estudo da célula, por exemplo, pode ser investigar que percepções os alunos têm a respeito do tema, que modelos mentais apresentam, e como estes modelos podem se diferir da célula encontrada em espécies já conhecidas.

Tal como os grandes pesquisadores da Ciência, os alunos são capazes de (re)descobrir o conhecimento científico, desde que para isso se adote uma atitude científica. Um cientista investiga o objeto de sua pesquisa, procurando explicações minuciosas, a fim de criar argumentos quase imbatíveis para suas afirmações. De mesmo modo, os alunos são capazes de argumentar, com base em suas investigações, a forma como um objeto se comporta diante de um fenômeno físico, ou como este fenômeno poderia ocorrer em determinadas condições.

A maneira como a Ciência trabalha até hoje não está dissociada do cotidiano. Como parte da realidade, o ensino de Ciências pode e deve aproximar o conhecimento individualmente construído das descobertas feitas coletivamente por inúmeros cientistas que, dentro de seus laboratórios de pesquisas, estão nesse momento realizando milhões de experimentos em busca da construção de novas teorias.

A divulgação desse trabalho é feita sempre que diretamente toma-se uma atitude científica e busca-se partilhar esse conhecimento através da leitura, pesquisa e da realização de projetos pedagógicos que, como em qualquer atividade de grande importância nas escolas, requer a participação de todos.

 

* Claudia da Motta Custódio é Mestre em Ciências pela UERJ e professora do curso de Pedagogia do UNIFESO.